Qualidade Vivida

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

De quem é o problema?


Uma das coisas mais importantes que fiz por mim e pela minha família foi entender que só conseguimos ajudar quando nos damos conta de aquele problema não é nosso.
Pegar para nós uma questão que não nos pertence é tirar do outro a capacidade que ele tem de agir. É dizer, por outra linha, que ele não é tão capaz para resolver aquela questão quanto você! Nada nesse mundo é mais frustrante do que olhar uma pessoa que amamos como incapaz - qualquer portador de Esclerose Múltipla pode assinar embaixo do que estou falando -.E eu gosto de dizer que o olhar é nosso, se assim o enxergamos, quem dentro de nós se sente incapacitado? Eu vejo o mundo de fora como o meu mundo interno se encontra. Jamais esqueçamos disso...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Cúmulo da coincidência

Todo o amor que vivo é o maior, o melhor, o mais intenso, aquele que jamais me imagino sem... até que ele acaba... Não existe O melhor amor, O maior amor, O amor insuperável. Quando atribuímos esse rótulo ao amor vigente desqualificamos todos os amores que vivemos e que nos trouxeram até aqui... Cada experiência de vida é única e deve ser vivida em sua plenitude, sem comparações!
Eu estava no metrô, sem meu livro escudeiro (troquei de bolsa). Minha distração foi prestar atenção na conversa de duas amigas que estavam atrás de mim. Elas falavam sem cerimônia, portanto, não me senti invasora da conversa alheia. E o melhor... Me fez refletir sobre as minhas relações! 
Uma delas - tinha em torno de 40 anos - falava com entusiasmo sobre o atual namorado. Até aí tudo normal. É comum sentirmos entusiasmo no início da relação e ficarmos propagando aos sete cantos esse amor - bem coisa de mulher! "Ele é lindo! O mais inteligente, o mais sensível, o mais bonito, o mais... o mais... o mais... Imaginei: o cara é o 'pica das galáxias'! Até que a amiga deixa escapar o nome do 'docinho' (era assim que ela se referia a ele). Putz... não pode ser... é muita coincidência! Mas um nome como o dele não é tão comum assim... Sim! Eu conheço a figura! E não... ele não é tudo aquilo, passa longe de ser o que aquela moça falava! Daí, eu me dei conta, que era assim para mim, não para ela... E, assim é para quem está apaixonado! Mas... o pior está por vir... Eu também conheço o ex dela... Conforme ela ia falando, a amiga ia entregando... tensa a parada! Lembrei do cara falando dela (que eu nunca tive o privilégio de conhecer), e isso tem pouco menos de 7 meses! Na ocasião, eles estavam apaixonados! E falavam até em casamento... Hilário... mas minha vontade (completamente reprimida, evidente) era entrar na conversa e defender o ex da moça! Era um tal de 'com o fulano isso não rolava, o ciclano faz isso por mim, mas o fulano era um sem noção'... Isso aqui tá bem reduzido - usei toda a minha capacidade de síntese para não cair na tentação de falar demais e acabar entregando as duas figuras!
Ao que interessa... Todo amor é amor do que se tem naquele momento. Comparar relações afetivas não é okay (não para mim!). A intensidade do amor deve ser mais do que suficiente para legitimar a relação e torná-la prazerosa - para quê comparações? Lógico que a pessoa que está ao nosso lado, naquele momento, é a melhor pessoa, para nós, do planeta! Do contrário, ela não estaria ali - ou pelo menos, não deveria estar! 
Essa questão me reportou a outra: Se a pessoa que está ao nosso lado não é a que gostaríamos que estivesse, se liga! Liberte o coração - o seu e o do outro! Nada pior do que nutrirmos uma esperança naquele que não tem mais a menor chance de continuar o caminho ao nosso lado... 
Tenho uma amiga - muito Cristã, diga-se de passagem - que sempre me diz que quando Papai do Céu nos dá a oportunidade de vivermos algo que desperdiçamos voltamos para o fim da fila, e essa fila é bem longa... Portanto, devemos à vida aproveitar as oportunidades que ela nos apresenta e honrá-las como gostaríamos que nós fossemos honrados! 
Não existe O melhor amor, gente boa! Existe o melhor amor daquele momento! E tão bom será se esse momento for até que a morte nos separe, porque se não for, que triste ficar na égide de um amor que não é mais nosso... Afinal, amar é o melhor presente que a vida nos concedeu! Que sejam lindos, todos os nossos amores, e os melhores de todos os instantes que se sucederem... Qualificar cada amor que passa pela nossa vida é qualificar a nossa capacidade de dar e receber amor! Regra básica: façamos com o outro o que gostaríamos que fizessem conosco... 
P.S.: Não curti saber que conheço os dois...
P.S.2: Muito cuidado com conversas em locais públicos... expomos pessoas, desnecessariamente!
P.S.3: O mundo é redondo (e sem essa de "jura?, eu não sabia!!, tá valendo o reforço, sem piadinhas)... Podemos nos encontrar novamente, em qualquer curva do caminho...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A escolha

"Em trabalhos práticos de física, qualquer aluno pode fazer experimentos para verificar a exatidão de uma hipótese científica. Mas o homem, por ter apenas uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese por meio de experimentos, por isso não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a seu sentimento". (A insustentável leveza do ser)

Pedro me excita às ideias, me conduz a um lugar que eu jamais imaginei que encontraria companhia, me alegra a vida, me arranca inspiração, me faz desafiar os meus próprios limites, me apresenta o desconhecido, me é companhia agradável e que não me faz desejar ir embora. Com ele desejo dormir e acordar, e, algumas vezes, fazer amor, quem sabe...
Antônio acelera meu coração, me rouba o ar, me arranca da racionalidade, me faz perder a noção de tempo, me distrai do trabalho, me sufoca de saudade, me faz sentir ciúmes do que não estou capaz de viver com ele. A ausência dele me tira o sono, vou do céu ao inferno em frações de segundos. Quando estamos juntos não durmo - cochilo!  

Com Pedro não preciso obedecer, não há ordens a serem cumpridas, não "temos que" nada, apenas somos um e outro quando estamos juntos e temos necessidade de sermos distintos - enriquecedoramente diferentes...
Com Antônio tem protocolo, registro de notas, marcação de desempenho e quando estamos juntos somos um só - fundidos pela necessidade daquela eternidade. Não há diferença que dê conta quando nossos corpos se misturam... Somos desesperadamente iguais na necessidade que temos um do outro...

A diferença entre mim e Pedro é marcada pela semelhança das vontades - aquela necessidade infindável de aprender o que um tem a acrescentar ao outro... não há disputa em saber quem é mais útil a quem: sabemos que até nosso silêncio é bem vindo...
A semelhança entre mim e Antônio situa-se na diferença das nossas realidades  - É a  negação de uma das duas vidas que torna possível a nossa existência enquanto casal...

Antônio me faz sentir leve depois de uma noite de amor, enquanto Pedro me apresenta a importância do peso da sua cumplicidade. Pedro é a pluma que me faz seguir a direção do vento, sem medo de errar o caminho. Antônio é pedra que me atormenta quando necessito ir embora. Pedro é pedra que se transforma em totem enquanto caminhamos juntos. Antônio é pluma que não se sustenta sem as suas raízes. 

Pedro e Antônio são amores diferentes num mesmo caminho. Caminhar com Pedro é seguir sem os disparos do coração, acreditando na cumplicidade do amor. Escolher Antônio é percorrer com coração na boca, acreditando na capacidade de viver apaixonada... Toda escolha implica numa renúncia, que nos traz uma aquisição. Para ganhar é preciso saber perder. A vida não permite segunda chance ou ensaio para sabermos se dará certo. Em algum momento é preciso correr o risco!
Apostei  desde aquele instante presente que a minha escolha era a melhor que eu podia fazer. E ao decidir entre Pedro e Antônio fiquei sem os dois. A vida não me deu tempo para escolher entre um e outro, e eles seguiram sem mim... Mas, amadurecer a escolha também foi uma escolha...