Qualidade Vivida

terça-feira, 31 de maio de 2011

Sobre o medo...


Ah, o medo...
Quando eu tinha meus 4 ou 5 anos eu acreditava que embaixo da minha cama tinha uma mão que me pegaria no meio da madrugada... Muitas madrugadas eu passei para cama dos meus pais com medo da "mão" que ficava sob a minha cama... Eu tinha medo de ter medo! Que pavor que eu tinha quando a noite ia chegando... Conforme fui crescendo esses medos foram desaparecendo e eu fui percebendo a importância do medo de realidade - aquele que nos protege do perigo que é real. Quando estou dentro de um ônibus, por exemplo, e meu coração aperta porque entrou um passageiro com atitudes suspeitas eu desço no próximo ponto; quando estou na praia procuro sempre ter minha bolsa ao meu lado e se o movimento ao meu redor fica diferente e meu coração dispara recolho as coisas; quando estou em algum lugar público e sai uma confusão qualquer me afasto imediatamente... Assim vou me protegendo dos perigos que a vida vai apresentando. O mais importante é que sempre escuto os sinais que o meu coração dispara. Duvido da minha razão, mas não do meu coração. Não sei explicar porquê, mas fico bem atenta aos apertos no peito, mais do que às minhas elucubrações... sempre pensei demais, mas me considero uma pessoa que foi preparada mais para sentir do que para pensar!
O coração é o órgão que bombeia sangue para todo o corpo; graças a ele o nosso cérebro recebe o sangue suficiente para enviar os comandos necessários para o resto do corpo. Minha intuição diz que é no coração que está o ponto de partida para bom funcionamento do nosso organismo, se isso é ou não adequado eu não sei, mas aprendi a ouvir e olhar com o coração... Aprendi a reconhecer os sinais que esse músculo nos envia - no amor e no temor. Por conta disso, sinto medo sim, mas não paraliso por causa dele... Quando me dou conta de que estou com medo dou a ele a atenção que ele merece. Ao acolhe-lo ele fica tranquilo e me ajuda a cuidar de mim... os meus medos não são meus inimigos... eles me protegem... Os meus inimigos são os medos alheios... aqueles que tentaram imputar na minha vida - a mão escondida em baixo da minha cama, por exemplo! 

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sobre alegrias, coisas e pessoas...

"A alegria não está nas coisas: está em nós."
(Goethe)

Fui surpreendida ontem com um presente inusitado: ganhei uma estrela! Isso mesmo... Um amigo me presenteou comprando uma estrela para mim e colocou o meu nome nela. O presente faz parte de um  projeto chamaso 'Pale Blue Dot' , pelas palavras do meu amigo "que apóia a análise que permitirá aos astrônomos determinar os tamanhos físicos de todos os planetas que forem descobertos no Universo, através dos esforços de pesquisa do 'Asteroseismic Kepler Science Consortium' (KASC), uma grande colaboração internacional de cientistas. O 'Pale Blue Dot' é hospedado por uma organização sem fins lucrativos (White Dwarf Research Corporation) e parte dos recursos necessários para o empreendimento são obtidos através de doações voluntárias. Em troca, a 'White Dwarf' vende (simbolicamente) uma estrela para quem desejar comprá-la! E 100% dos lucros são usados para apoiar a investigação científica.  Após a doação, o Google Earth coloca o nome na estrela para que ninguém mais possa usar outro nome".

A minha estrela é a KIC 012885373, fica na constelação de Perseus e hospeda um sistema planetário inteiro! Parafraseando o meu amigo "É uma estrela muito grande, quente e de brilho intenso".

Fiquei em contato com a minha emoção e me dei conta de que a minha alegria não estava no presente, mas em mim... sim... não seria possível o tamanho contentamento se eu não pudesse receber aquele presente tão grandioso. Quantas vezes nós jogamos fora um elogio, tipo:  "- Como você está bonita! - Imagina, são seus olhos..." ou, "- Você está tão bem! - Quem, eu? Hoje estou péssima!", ou "- Que linda a sua roupa! - Comprei na feirinha por R$1,99", ou - "Comprei para você! - Imagina, não precisava..." Essa então é terrível, além de não recebermos, desqualificamos o tempo que o outro passou pensando em nós. O que quero dizer é que quando desqualificamos o elogio, o presente, desqualificamos junto quem está a oferecê-lo. Quando alguém nos dá alguma coisa, seja lá o que for, é sinal de que somos importantes para aquela pessoa e se assim for sinal de que somos especiais! Aliás, todos nós somos especiais pelo simples fato de que existimos. A existência já consagra em nós o atributo de pessoa mais especial do mundo, para nós mesmos. Quando nos percebemos especiais conseguimos olhar o outro de forma especial, pois o olhar de alguém especial só pode derivar um olhar especial para o outro que é especial! O mundo fica tão mais gostoso de ser habitado quando conseguimos olhar o outro com ternura e afeto...
Convido-o  a receber presentes e agradecê-los pelo simples fato de alguém ter olhado para você com carinho e cuidado, qualificando a pessoa adorável que você é...
Obrigada, Reston, mais uma vez! Amei receber a estrela que está no céu, com o meu nome!

domingo, 29 de maio de 2011

Minha casa, minha ética

Sempre que arrumo um canto da casa que está esquecido me pergunto qual o canto em mim que está relegado de mim...
A ética diz respeito ao nosso caminhar no mundo. O ser humano ético é aquele que está respeitoso dos seus valores e sabe dar conta das suas ações. A ética está em mim como ponto de partida e tem o meio em que eu vivo como ponto de referência. Já a moral está manifesta nos códigos, nos estatutos, nas religiões, nos normas de conduta, em tudo o que está pré-estabelecido e precisa ser seguido como principio de ação coletiva. A moral é coletiva como ponto de partida e singular no seu momento de chegada, posto que valida ou não a minha forma de agir no mundo.
A partir disso, quando começo a colocar em ordem um cantinho da casa que estava bagunçado ou esquecido, me dou conta de que em mim outro cantinho também está bagunçado ou esquecido... o pior não é arrumar a bagunça que está na casa que eu habito, mas me dar conta da bagunça que está na casa que habita em mim...
Gosto de dizer que a minha casa é a minha ética sempre que me refiro ao meu abrigo, e vez por outra me dou conta de que a minha ética está precisando de atenção... Na minha casa, hoje foi dia de arrumar o meu quarto e os papéis que estão dentro do móvel... simbólico, não?! qual parte de mim é o meu quarto? Acho que o meu útero... aquele que abrigou minhas filhas e foi residência delas por nove meses... hoje ele está esquecido e precisando de cuidados especiais... os papeis? O que eles significam? são os exames que constatam que eu preciso cuidar desta parte... para tudo! Hora de mergulhar na bagunça e deixar a casa em ordem... Nas minhas mãos o telefone da minha médica e na agenda a prioridade de amanhã será a marcação da consulta. E o quarto? bem, o quarto foi arrumado e preparado para receber o meu sono mais gostoso, com direito a cheirinho de lavanda nos lonçóis e música gostosa para embalar o meu sono...
Quero que o mundo lá fora se dane porque nesse momento só tem espaço para o mundo aqui dentro...

sábado, 28 de maio de 2011

Sobre as estranhas formas de amar...

Ontem foi dia de maratona em terapia. Maratona em terapia é quando os grupos da minha terapeuta se reúnem em um único dia para um mergulho ainda mais profundo, nas nossas questões mais estranhas...
Eu amo esses encontros, por mais mexida que eu saia deles...
A maratona estava marcada para às 19h., mas o meu processo de mergulho ancestral começou pela manhã, quando conversava com dois amigos sobre os meus estranhos avós, pais da minha mãe. E é sobre eles que falo hoje...
Meus avós foram um casal fora do seu tempo, aliás fora de qualquer tempo...
Eles se amavam do jeito deles e não permitiam que ninguém interferisse em suas vidas afetiva. Foram casados por 46 anos, separados apenas pela morte.
Meu vô era um homem lindo, com par de olhos azuis invejáveis e dono de uma sabedoria de vida muitíssimo singular... Um amante fiel!
Minha avó era uma linda mulher, dona de um par de olhos verdes indescritíveis e de uma silhueta de parar o trânsito (como eles gostavam de dizer na época)... uma amante nada fiel...
Os dois tinham uma vida incomum no casamento. Eles podiam se relacionar com outros pares e isso não afetava a relação de um com o outro. Eram casados e se amavam o suficiente para não conseguirem viver um sem outro e isso bastava. Mas meu avô tinha uma amante de toda uma vida: a Antunieta. Uma mulher mais velha e que dedicou a sua vida ao meu avô. Minha avó não se incomodava com aquilo porque ela tinha a vida sexual dela da maneira que ela desejava - meu avô não implicava desde que ela continuasse ao seu lado. E quem disse que ela queria ficar longe dele?
Pouco antes do meu vô morrer, ele chamou minha vó e fez seu último pedido: "Cuide da Antunieta, ela dedicou a vida dela a mim e não tem ninguém além de mim". Depois do enterro, minha vó chamou a minha mãe e contou-lhe sobre a vida deles (minha mãe escandalizou), pediu que não os julgassem e que fosse com ela até a casa da Antunieta para buscá-la para morar com ela. Assim foi feito. Mas Antunieta morreu uma semana depois da morte do meu avô. Nunca soube de ninguém com tanta disponibilidade para amar o próximo como a minha vó Gina... Lembro-me de uma passagem dela comendo jaca ao pé de uma jaqueira
e contando histórias... curti tão pouco a minha avó... Lembro-me dela recolhendo pessoas na rua para alimentar... criança não ficava sem comer se passasse perto dela e ela tinha um carinho especial com idosos... morreu serena, dormindo!
Meus avós eram especiais... hoje, olho para a vida deles e acho que eles viveram melhor do que imaginavam que seria possível porque tinham uma maneira diferente de compreender o casamento... hoje, eu aprendi que não devemos julgar a vida alheia... é cruel não com o outro, mas com a gente do momento em que o julgamento da vida do outro nos coloca no cativeiro das nossas moralidades estúpidas.
Maratona terapêutica e o tema: "dar e receber afeto indistintamente, a partir do acolhimento e do perdão para com a mãe"
Sabem de uma coisa... graças a Deus minha mãe teve a família dela tão estranha... graças a Deus eu tenho uma mãe tão linda e protetora... com certeza minha mãe aprendeu com a sua mãe sobre perdoar, sobre amar o próximo... e eu... bem, eu tive o privilégio de ser filha da Iris e do Adilson e de suas deliciosas formas de acolher o outro... só somos capazes de acolher o outro se conseguimos acolher a nós mesmos, nas nossas mais estranhas formas de ser... sim, eu me aceito incondicionalmente...

Obrigada vô Domingos e Vó Gina... eu aprendi a amá-los

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"Como representar um instante de um movimento?"

"Vamos admitir que o movimento de um astro fosse congelado num determinado instante de sua curva, ou de sua órbita. Perguntando-se sobre o que acontece neste exato instante, infinitamente pequeno, alguns matemáticos produziram uma idéia: o cálculo infinitesimal, também chamado diferencial. O segredo deste cálculo está na combinação entre a tangente do instante único (a reta que toca o movimento congelado) e a curva que comporia os instantes seguintes. O traçado da tangente num ponto da curva passou a ser um dos problemas fundamentais para os matemáticos que, no século XVII, estudavam os movimentos dos astros em função da navegação em alto-mar. A questão do traçado da tangente recebeu o nome de derivada".
(http://www.klickeducacao.com.br/  - Biblioteca/Matemática/Análise/Derivadas, in: Como representar um instante de um movimento?)

A matemática nos ajuda a mergulhar em questões existenciais implacáveis! Antes de eu entrar aqui para escrever sobre o problema de se perder o instante precioso do olhar, minha filha estava descrevendo sobre a inclinação da reta tangente. Por instantes fiquei apreciando embevecida como uma adolescente tão linda se interessa por coisas tão difíceis... logo em seguida me dei conta de que estávamos com a mesma questão para desenrolar de maneira diferente - ela matematicamente e eu filosoficamente...
"A questão do traçado da tangente recebeu o nome de derivada"... Por partes...
O que é um traçado? Ação ou efeito de uma linha que se liga por dois pontos.
O que é uma tangente? Segundo a Wikipédia, Geometricamente falando, a tangente é a reta que intercepta uma curva em apenas um ponto.
Quando dizemos que algo é derivado de alguma coisa estamos  dizendo com isso que algo é proveniente, originado desta coisa. Derivada é o feminino substantivo de derivado. Então, pelo meu raciocínio a frase entre aspas significa que a derivada é o resultado daquilo que está na curva onde o ponto foi interceptado.
Bem, segundo a minha filha, a minha análise está equivocada sob o ponto de vista matemático, mas como o que me interessa não é o que o matematico está pretendendo com o problema da derivada, mas aquilo que nós perdemos no instante da curva, eu vou seguir com minhas palavras, com direito a concessão poética...
Eram dois olhares que se encontraram num mesmo ponto: a curva
Eram duas respirações que ofegaram num mesmo instante: o ponto
Eram duas mãos que se tocaram na ausência do fôlego: a derivada

Conclusão: Dois olhares que se cruzam implicam num encontro que deriva do instante. Porém... a representação desse encontro fica insuficiente de ser demonstrada por qualquer fórmula, mas o problema continua sendo da mesma natureza: Como representar um instante de um movimento?
Minha resposta: Não representemos, vivamos!!!!!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Indo embora...

Esse mundo me encantava. Eu podia escapar ao entrar nele, sem obrigações nem pertencimento. Com você, eu estava em outro lugar; um lugar estrangeiro, estrangeiro a mim mesmo. Você me dava acesso a uma dimensão de alteridade suplementar - a mim, que sempre rejeitei toda identidade e juntei uma identidade na outra, sem que nenhuma fosse realmente a minha... Eu tinha a impressão de construir com você um mundo protegido e protetor.
(Gorz, André. Carta a D.)

Essa invasão de mim, em mim vem roubando o meu sono... Sonho com o dia em que pegarei a estrada sem rumo, irei em direção ao desconhecido e como companhia levo apenas a mim, para que possa encontrá-lo. Sonho com cada meio do caminho... Não pertenço a ninguém diferente de mim mesma... Cada passo na estrada e eu serei outra pessoa e outra e outra... transmutando a cada instante...
"Procuro um amor que seja bom pra mim, vou procurar, eu vou até o fim..." e esse amor tem que ser mais amado meu do que eu amada dele... A dor de amor do outro me é insuportável; mais do que a minha própria (desta eu dou conta)! Enquanto escrevia ontem descobri que a mim não basta um homem que me ame... é pouco! Quero amar... preciso amar... e foi para isso que vim ao mundo - para amar! Acho que é por isso que me apaixonei pela história de Dorine... sim, de Dorine e não de André. Dorine foi alguém que amou tanto que o seu amor impregnou a sua vida... Dorine não deixou de fazer nada por André, mas fez tudo por André. E em troca? Nada além do seu amor...  A dedicação do amor é plena e transformadora... e em mim um paradoxo: ela me liberta e me aprisiona... O meu amor precisa ser um andarilho como eu, mas eu quero encontrá-lo na estrada... livre... no meio do caminho onde não haja mais a necessidade de filhos nossos... e eu vou até o fim com ele... na nossa curva encontraremos os nossos maiores desejos e faremos deles a nossa razão de ser. Não quero que o meu amor abra mão de sua vida por mim! Quero que ele chegue com a vida aberta para mim... e eu entrarei nela escapando... Estou indo embora...Preciso escapar com o outro, para qualquer lugar, mas sem pertencimento... como Dorine, na fala de André...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre o ressentimento

“E nenhuma chama nos devora tão rapidamente quanto os afetos do ressentimento. O aborrecimento, a suscetibilidade doentia, a impotência de vingança, o desejo, a sede de vingança, o revolver venenos em todo sentido [...] O ressentimento é o proibido em si para o doente – seu mal: infelizmente também sua mais natural inclinação.” Ecce Homo, Por que sou tão sábio, 6. (NIETZSCHE)

Acordei hoje com um email que tinha como epígrafe essas palavras do Nietzsche... aproveito para falar disso!
Dedico minha vida a mim mesma e em seguida disso àqueles que me são mais próximos e queridos. Mas confesso que na minha juventude fui tomada por ressentimentos... Nada me fez sofrer tanto na vida quanto o ressentimento. Precisei olhar para mim profundamente para me livrar dele e consegui! Mas, o que significa ressentimento? O sentido do termo é o de sentir novamente, voltar o sentimento anterior e mantê-lo aprisionado dentro de nós. Uma espécie de cativeiro do sentimento... Como isso é ruim para quem sente! Não, definitivamente nenhum ser humano merece viver ressentido... libertar algo que nos faz mal é um dever que temos conosco. Comemos comidas estragadas por livre e espontânea vontade? É mais ou menos isso... ressentimento é como comida estragada... faz mal ao corpo, cria doenças, traz amarguras, nos deixa de mal humor, nos torna intolerante, nos impede de ver a realidade de maneira mais simples, nos coloca esquizofrênicos da situação... Ver coisas onde não existe é patológico e reverbera em nós como um câncer. Por que desejarmos um câncer se podemos desejar beijos, abraços, carícias, amor... fomos feitos para amar, o resto é resto e como tal deve ser jogado fora... Não somos lixeiras! Desprezemos tudo aquilo que nos faz sentir quem não somos... mas para isso é preciso saber quem somos... daí, quando sabemos dos nossos atos, somos capazes de devolver para o outro o que é dele e não nosso... Assim devemos fazer com o ressentimento: devolve-lo para quem é de direito. E sejamos felizes, aqui e agora...

sábado, 21 de maio de 2011

Bicicledarde

"A liberdade é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida".
(Miguel de Cervantes)

Bicicleta e liberdade, para mim, são termos sinônimos... sendo assim, resolvi uni-los numa só palavra: bicicledarde.
E o que significa a bicicledarde? Significa a aventura da criação sob duas rodas...
Quando estou pedalando, sentindo o vento lambendo meu rosto, ouvindo música e contemplando a paisagem me sinto tão livre... naqueles instantes parece que eu posso tudo... sentada naquele selim, meus pensamentos saem do meu corpo e alçam vôos indizíveis...
Aproveitando os rasantes dos meus pensamentos, eu sugiro, para hoje...
  • trocar o computador pela bicleta;
  • deitar 10 minutos ao lado do seu filho, bem agarradinho;
  • ler Dom Quixote em voz alta;
  • dizer Eu Te Amo para todas as pessoas a quem você ama;
  • fazer planos para amanhã;
  • ajudar alguém muito necessitado;
  • dizer ao amigo que ele é muito importante em sua vida;
  • comer um doce bem gostoso;
  • beber um copo d'água com muita sede;
  • ficar em silêncio por 10 minutos;
  • abraçar alguém muito especial;
  • escrever uma carta para você mesmo ler em 2021 (não esquece de envelopar, lacrar e guardar);
  • Tomar um banho morninho bem demorado...
É isso... completando... liberdade é a capacidade que nós, seres humanos, temos em criar o impossível... portanto: sonhe acordado e aventure-se em sua vida... Mergulhar no vento é uma emoção singular, que nos permite reinventar possibilidades...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Só por hoje...

Amantes

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.
(Pablo Neruda)
 
Por hoje é só...
Aliás... só por hoje...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"A arte é um resumo da natureza feito pela imaginação"
(Eça de Queiroz)

Ainda menina, me vi fazendo planos com uma colega de trabalho - comecei a trabalhar aos 16 anos - sobre abrirmos uma escola "das artes"... Na nossa escola educaríamos as crianças de forma diferente... Elas aprenderiam a tocar piano, desenhar, pintar, plantar, colher, tocar violino, cantar, dançar... Na nossa escola diferente, as crianças estudariam sobre os números, nos acordes; sobre as letras, nas composições; sobre as leituras, nos desenhos; sobre a história, nas pinturas; sobre a biologia, na dança; sobre a geografia no ato de plantar e colher; sobre a amar-vos uns aos outros na composição de um coral; sobre política, na culinária... O nosso sonho era grande... Hoje, exatamente hoje, me dei conta de que o sonho que eu sonhei aos 16 anos está perto de virar realidade, de forma diferente... Tem uma escola "das artes" começando no lugar onde eu realizo sonhos... Estranha forma de eu me relacionar com as artes... eu não pinto, não desenho, não canto, não toco nenhum instrumento, apenas danço embalada pela música que toca em meus sonhos... Schopenhauer dizia que de todas as artes, a música representa a Vontade que brota da força impessoal que existe nela, pois esta consegue traduzir o "verdadeiro espírito do homem". O que eu acredito das artes é o encontro que se estabelece quando por sua ocasião o lúdico brota no trabalho... Educar através dos encontros que as artes suscitam, para mim, significa transgredir os valores impostos pela educação formal... sim... ler, escrever e contar a poesia que se instaura nos traços do desenho é registrar na alma o conhecimento necessário para realizar e potencializar a vida, em toda a sua "Vontade e Representação", sem pessimismo, no stricto sensu...

Obrigada, Luciano!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sobre a magia da escola...

"Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males"
(Voltaire)

Saio de casa bem cedo para não pegar trânsito e aproveito para tomar o café da manhã com a Zezé... sábia colaboradora da higiene do nosso Instituto... Hoje, o assunto que nos acompanhou à mesa foi "por que alguns adolescentes não gostam de estudar?" e é sobre isso que começarei brincando... sim, brincando... porque, para mim, algumas vezes - na maioria delas -, o problema do estudante está na família a que ele pertence...

Fui uma criança que desejou ir para escola muito cedo... minha mãe conta que eu ficava agarrada nas grades do portão vendo as crianças passarem uniformizadas e eu gritava que queria ir para aquele lugar que as outras crianças iam... e eu fui... Aprendi que aquele lugar era o melhor lugar do mundo... e meus pais nunca disseram o contrário...
Nunca fui a melhor aluna da turma, embora me empenhasse bastante para ser. Eu era daquelas alunas que tinha muita dificuldade para aprender e me sentia "burrinha" quando via que a minha nota era igual a da maioria dos meus amigos e eles nem estudavam tanto... Pois é... Como eu gostava de ir para aquele lugar que me recebia tão cedo e me mandava de volta tão tarde... Estudei num colégio que dava bolsa de estudos para atletas e eu fui uma das atletas daquele lugar mágico. Chegava às 7h para o treino que ia até umas 11h e 30min., tomava banho num banheiro GIGANTE, ia para o refeitório almoçar - comida para os atletas - e depois seguia para a sala de aula... saia daquele ambiente por volta das 18h., quando a minha mãe já estava me esperando... Como eu amava tudo aquilo...
Eu acredito - enquanto educadora e mãe - que quando os pais acham a escola legal, eles passam isso para os filhos... daí, ir para o lugar legal é sempre legal... Nunca ouvi minha mãe dizer que a escola era chata... Quando minhas filhas nasceram eu me preparei para colocá-las no melhor lugar do mundo: A ESCOLA!!!! e elas foram... elas amaram tanto quanto eu a escola, que era delas - propriedade pública que se fazia privada pela posse... eta lugar público mais gostosinho... lugar onde passamos a maior parte do nosso tempo, lugar onde brincamos, fazemos amigos, aprendemos formal e informalmente coisas que são úteis e inúteis, mas todas necessárias... Como fazer para mostrar ao adolescente que ele precisa estudar?
Simples!!!! Devolva para ele a responsabilidade que é dele. Mostrando-lhe que ir para escola é legal e necessário... apresente o lado positivo disso e o acolha nas suas angústias... mas só o acolha... não roube dele a responsabilidade... isso é cruel... Quando mostramos ao adolescente que ele é o responsável pela construção da sua história e que nós - pais - somos apenas colaboradores desse percurso ele toma posse da sua vida... mas é preciso que acreditemos nele, muitas vezes, até mais do que ele mesmo... quando não acreditamos na capacidade de transgressão de nossos filhos, sinal de que não confiamos na educação que estamos dando para ele... Só é capaz de transgredir aquele que teve regras bem colocadas e discutidas na infância... só vamos além do que nos é dado como limite. O que eu quero para as minhas filhas? Que elas sejam TRANSGRESSORAS de seus próprios limites e sempre, mas sempre se sintam capazes de ir além, acolhendo cada instante do seu percurso... As regras são fundamentais para colaborar no processo de organização... neste sentido, o esporte pode ser um excelente aliado... espero que tenhamos uma vasta coletânea de pensamentos para caminharem conosco até quando for necessário...

Obrigada, mãe!

domingo, 15 de maio de 2011

Homem e Mulher

O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.
(O Homem e A Mulher - Victor Hugo)

Em mim habita esse homem e essa mulher dos quais e pelos quais Victor Hugo se inspira...
 
O ser humano é genial, ainda que algumas vezes precise se esconder de si mesmo. E isso geralmente acontece quando fugimos de um olhar, de um toque diferente, de uma palavra com vários sentidos... O nosso anjo nos protege daquele diabo que nos cutuca... mas acredito que os dois - anjo e diabo - se amam tanto que não conseguem desapegar um do outro, gerando em nós as multiplicidades de emoções... Emoções que não podem mesmo ser mensuradas tampouco definidas, mas expressas no sentimento que nos invade quando estamos diante do que nos apavora e, ao mesmo tempo, nos atraí.
Ah... o infinito é a minha casa e o inefável traduz como a habito... o infinito é o que me convida ao mergulho e o inefável aquele que me faz desejar o que não consigo traduzir... o infinito é o lugar para onde eu sempre estou indo e o inefável o meu percurso nesse caminho... o infinito é aonde eu consagro o meu amor - diariamente - e o inefável a sua expressão mais fiel...
Eu sou o homem de Victor Hugo, cuja razão me protege com lágrimas...
Eu sou a mulher de Victor Hugo, cujo evangelho me aperfeiçoa dos códigos que me atormentam...
Eu sou a mistura de Victor Hugo, nas glórias e virtudes... que diante das derrotas vislumbra um outro percurso por ter  no virtus a divina potência da transformação...
Eu sou o domingo que repousa,
a segunda que inicia,
a terça que desenvolve,
a quarta que verifica,
a quinta que cria a expectativa,
a sexta que desfruta,
o sábado que reúne.
Eu sou todos os dias da semana...
também o domingo que inicia, a segunda que repousa, a terça que cria a expectativa, a quarta que desenvolve, a quinta que desfruta, a sexta que reúne e o sábado que verifica...
Eu sou a mistura que se consagra nos teus olhos...
Um brinde ao delírio e ao desconforto... eles nos tiraram do lugar...

sábado, 14 de maio de 2011

Ação do tempo...

Ontem foi dia de reencontro de amigos do colégio... Fomos para o Outback comer aquela deliciosa cebola, embalados pelas conversas saudosistas que fomentaram nossas memórias... Recebi de um amigo, dias desses, uma sequencia de fotos de Nicholas Nixon - um fotografo profissional - que flagrou a ação do tempo no corpo de quatro irmãs (uma delas é sua esposa), ao longo de 25 anos.  Quando vi as fotos fiquei impressionada com o desgaste do corpo e pensei imediatamente - para minimizar a minha dor: o corpo envelheceu cruelmente, mas aposto que a alma ganhou uma sabedoria que lhes é impossível fotografar... Seja lá o que isso quer dizer, balançou as minhas estruturas... e de verdade... comecei o dia de ontem numa amargura só... me vi falando mal de dona de casa (como se eu não fosse uma), de mulher gorda (como se eu não estivesse acima do peso), de mulher magra que frequenta academia (como se eu não frequentasse academia de ginástica), de mulher fútil (como se eu não tivesse os meus rompantes de futilidade)... Me vi falando mal de mim mesma... sim... eu estava de mal comigo por ter me reconhecido nas fotografias de Nicholas. Definitivamente eu não queria ter entrado em contato com aquelas fotos justo no dia do reencontro dos amigos do colégio... que medo... o pior é que eu não teria tempo de ir em casa me arrumar para encontrá-los... saí direto do trabalho, com cara de acabada (retoquei brevemente a maquiagem), disfarcei com algumas borrifadas de perfume e parti para a casa do meu amigo para irmos juntos ao encontro do pessoal... Deliciosa noite... O encontro que me angustiou o dia todo terminou regado de carícias... dos meus amigos, mas principalmente da minha maior inimiga no dia de ontem: EU! Fui recebida pelo meu amigo e por sua adorável esposa, em sua casa e enquanto ela tomou uma rápida ducha ele me serviu um delicioso vinho. Ali, naquele momento comecei a entrar em contato com o pior de mim, que é também o meu melhor: Eu inteira. Ele disse: envelhecemos Claudinha, com muitas histórias boas para contar - frase que startou as pazes que fiz comigo mesma. Pois é... envelhecemos... eu perdi o viço da pele, o rosto esticadinho, os seios em pé, o corpinho sem celulites, a bela panturrilha... Porém - e sempre tem um porém - ganhei a beleza do olhar; o encantamento em me dar conta de que todos nós ali reunidos demos certo nas carreiras que escolhemos seguir; as manchas no meu rosto que caracterizaram a minha maternidade bem sucedida; as celulites que representam cada ano de vida de desfrute (malditos/benditos estrogênio e progesterona); as rugas das mãos; os cabelos brancos que, embora pintados, existem e dão trabalho... Parece que tudo conspira contra nós... mas não é verdade... quando perdemos a juventude do corpo ganhamos a juventude da alma. Quando eu era jovem eu era intolerante, arrogante, tinha certeza que o mundo girava ao meu redor, algumas vezes até achava que eu era deus... talvez fosse mesmo, no sentido de que eu acreditava que era capaz de mudar o mundo. Partindo do princípio que o meu mundo era o meu universo, eu o mudei, logo, eu fui deus diversas vezes, por potencializá-lo - na sua Natureza - em mim... Hoje, 35 anos depois, minha alma ficou mais jovem... mais leve, mais gostosa... Aprendi com a diferença a fazer diferente, coloquei doçura no olhar, aprendi a ri daquilo que eu não sei e o melhor: aprendi a assumir que não sei... aprendi a amar o outro porque entendi que o outro é uma extensão de mim e sendo assim, ao amá-lo amo-me intensa e incondicionalmente... aprendi que a pele quando envelhece fica macia e gostosa, portanto boa de desfrutar... aliás, aprendi a desfrutar... aprendi que não preciso ter medo de envelhecer sozinha porque tenho uma legião de amigos que me aceitam do jeito que eu sou... aprendi que preciso aceitá-los também, e que esse é o caminho que nos livra da solidão... aprendi que é muito bom ouvir que eu fui as pernas mais bonitas da escola, mas que hoje eu sou o lugar onde estas pernas puderam me levar... sim... eu sou... eu sou ética... eu sou abrigo... eu sou morada... por isso meus amigos... envelhecer é ser jovem... o corpo vai morrendo diariamente, mas a alma vai nascendo a cada instante, melhor e melhor e melhor.... é preciso re-des-cobrir isso... Deixemo-nos fotografar em nossas almas...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Eternamente eterna...

"Sentimos e experimentamos que somos eternos"

Spinoza

Por que a idéia que temos sobre a morte é tão aterrorizante, para muitos? A crença de que tudo vai acabar, talvez seja a algoz que habita em nós, até o momento em que des-cobrimos que essa crença pode não ser exatamente como pensávamos! Não... tudo não vai acabar um dia... tudo se transformará em outra coisa, a partir da original - que nem é original posto que transformação de algo que a antecede. A minha eternidade se expressa através dos meus genes. O que isso significa dizer? A memória genética é aquela que está presente em nós - na ausência da experiência sensorial - ela vai sendo construída e incorporada no genoma durante longos períodos, a medida que ou tanto mais quanto a vida vai acontecendo. O que quero dizer é que todos nós trazemos experiências que estão registradas nos nossos genomas, através dos genes de nossos pais. Nós, diante dessa possibilidade, assumimos o caráter eterno, uma vez que somos parte entre partes que se constituíram de outras partes de suas partes... Rodeando em torno do mesmo eixo: nos tornamos eternos quando escrevemos livros, plantamos árvores, temos filhos, criamos filhos, construimos valores... tudo aquilo que deixa rastros de nós, no universo - ainda que tratemos o nosso pequeno quintal como o nosso universo - é uma forma de perpetuar a nossa existência... Portanto... vale lembrar que é sempre muito bom fazermos o nosso melhor, empaticamente.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Lugares misturadamente fragmentados...

"Em geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos" (Nietzsche)

Não sei para o resto da humanidade, essa coisa de extensão de mim nas minhas filhas é muito séria...
Minha casa sempre foi abrigo para estudante - ela não tem a beleza estética apresentada pela mídia, mas tem a beleza do abrigo da alma do estudante. É curioso porque o espaço que eu e minhas filhas temos para estudar não são os nossos quartos, com escrivaninhas com computador, por exemplo; mas uma grande mesa, que fica na sala. Nesse lugar não temos o famoso computador, mas livros espalhados e folhas, muitas folhas de caderno... dias desses comentei com uma amiga da dificuldade de arrumar uma diarista pela "eterna bagunça" - e essa frase é a tradução mais perfeita do "eterno retorno" de Nietzsche - que fica a mesa da sala. O lugar é do tipo santuário... ali só alimentamos o corpo e a alma, nada além... os livros só cedem lugar às refeições - eles são muito cúmplices um do outro... O problema? A casa parece que está eternamente bagunçada... que diarista gosta de chegar ao final do seu dia de trabalho com a sensação de que não fez tudo direitinho - ou melhor; de que não deixou tudo arrumadinho? Arrumadinho?! Vocês podem estar se perguntando pelo computador... sim ele existe... e o usamos mais do que eu gostaria, mas ele fica em outro lugar... simbólico também... na cozinha... sim... enquanto preparamos o alimento que será servido naquela mesa, onde estão os papéis e os livros que degustamos. É na cozinha que preparamos os textos, as planilhas de custos, as listas de compras, o planejamento de estudos do vestibular... com a mesma intensidade que preparamos o alimento que cuida do nosso corpo... arroz, feijão, salada, macarrão, café, doces... Estranho isso... seguindo no simbolismo... os quartos... estes são os cobertores - no sentido literal do termo - de nós, fragmentadas... sim, nós lemos na cama... nós dormimos na cama... nós namoramos na cama... fragmentadas? Sim, lugares misturadamente fragmentados... pois é... se eu resolver contar o simbolismo dos banheiros... bem... fiquemos por aqui... Estou com vontade de reunir a minha casa toda em mim... estou na cozinha, olhando para o fogão e imaginando o que farei para o almoço, hoje, enquanto minhas filhas estão alimentando suas almas na Faculdade e no CPII...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

44 coisas estranhas e legais que fiz ao longo de 44 anos...

Bem, ao longo de 44 anos de vida bem vivida, realizei coisas muito estranhas e legais, das quais compartilho com vocês, agora...




  1. Dei banho no meu irmão Alexandre, quando eu tinha 4 anos de idade, porque ele estava com sarampo e eu achava que conseguiria tirar as pintinhas do corpo, com água e sabão, no tanque, na bobeira da mamãe;
  2. Subi o morro da rua, de bicileta, com uma amiga na garupa e lá no alto desci sem as mãos do guidon, acarretando num tompo horrível, que deixou minha amiga hospitalizada e eu de castigo;
  3. Saí do castigo, fui jogar "Bete" no meio da rua e dei com o taco no olho do meu irmão que levou 4 pontos - mais uma semana de castigo;
  4. Saí do castigo, fui brincar de polícia e ladrão na rua, me escondi no apartamento de uns vizinhos que eu sabia que estavam viajando, que só estava a avó em casa e que quase não saia da cama. Fiquei escondida atrás do sofá, ela levantou para ir ao baneiro na hora que eu ia para a "prisão" salvar os amigos; conclusão: ela levou um susto grande e infartou ( acho que não, mas foi o que a filha dela disse que aconteceu)... mais uma semana de castigo;
  5. Cortei o cabelo da minha amiga depois da aula de ginástica porque ela me irritou muito;
  6. Empurrei um amigo de escola do alto da escada, porque ele me chamou de metida; resultado: além de mais um castigo, tive que pedir desculpas pelos dois braços quebrados;
  7. Prendi o meu namorado dentro do meu quarto só para ele não ir à festa de 15 anos da Fatinha... horrível! Será que ele me perdoou por isso?
  8. Abri um guarda-chuva dentro de sala de aula porque o professor falava cuspindo;
  9. Comprei uma bicicleta com o dinheiro de uma demissão;
  10. Pedalei do Rio de Janeiro até Friburgo;
  11. Vi o pôr do sol em Pontal do Atalaia e depois fui direto para o Arpoador para vê-lo nascer: Lindo pra caramba...
  12. Amei todos os homens com quem eu tive um relacionamento sério;
  13. Dei entrada no meu apartamento com o meu dinheiro;
  14. Subi em mesa de bar para cantar, no dia do meu aniversário e ainda fui muito abraçada por todo mundo - inclusive por quem eu nem conhecia;
  15. Fiquei sem dinheiro, sem cartão de crédito e sem as malas fora do meu país e voltei de trem, bancada pelo consulado;
  16. Fiquei ao lado de um homem bomba dentro do consulado, na Argentina;
  17. Perdi o vôo em Paris porque eles chamaram pelo nome Sá e eu não reconheci o meu próprio nome;
  18. Chorei de tanto ri - várias vezes!
  19. Fugi com o namorado no meio da madrugada para Cachambu, porque eu sabia que meus pais não me deixariam viajar - foi uma das melhores aventuras que vivi...
  20. Atravessei a fronteira do Parguai com a Argentina na garupa de um motoboy;
  21. Fui pedida em casamento, no meio da rua, com o carro enguiçado, com uma chuva torrencial caindo em nós;
  22. Viajei de carro do Rio de Janeiro até Foz do Iguaçu, com alguém que eu mal conhecia e foi sensacional;
  23. Subi os alpes suiços e almocei naquele restaurante caríssimo - ainda conheci o chef de cozinha que... FALAVA PORTUGUÊS!!!!
  24. Aprendi a saborear vinho;
  25. Deixei um vício e adquiri um hábito;
  26. Nadei nua em cachoeira;
  27. Peguei estrada sem destino;
  28. Raptei o meu namorado depois de um dia de trabalho - casamos e vivemos quase 15 anos juntos!
  29. Passei um dia inteiro na cama;
  30. Namorei na rede;
  31. Criei um projeto para viajar de graça para Porto Seguro, por ocasião do aniversário de 500 anos da Independência;
  32. Brinquei de pique na chuva, adulta, com as minhas filhas - várias vezes...
  33. Roubei no buraco;
  34. Acabei com um jogo só porque estava perdendo;
  35. Amamentei crianças que não tinham o leite de suas mães;
  36. Matei aula para namorar;
  37. Matei trabalho para ir à praia;
  38. Viajei por dois meses, correndo pelo Brasil, por diversos congressos, com projetos diferentes;
  39. Dei um armário inteiro, com tudo o que tinha dentro: roupas, eletrônicos, roupas de cama, travesseiros...
  40. Coloquei a minha bicicleta no lugar do armário;
  41. Escrevi livros;
  42. Plantei árvores;
  43. Casei e me divorciei;
  44. Tive duas filhas - minha maior aventura!

Acho que fui uma peste... uma adorável peste porque todos sempre me quiseram por perto...



Sugiro que os meus amigos também escrevam as suas aventuras mais estranhas... é uma delícia voltar no tempo...



Obrigada, Reston!

Sobre a perversão

A maior das perversões e, talvez, a mais comum delas é viver junto sem o outro. Este que exerce referência em minha vida é também aquele a quem eu nego essas referências - Aquele que me orienta é o mesmo que me desorienta. Dois sentidos que caminham juntos em mim - nós! Como separar o outro de mim se o outro sou eu, em todo o meu percurso, hoje? Bem vindo ao mundo de Alice... Feliz Renascimento para todos...